segunda-feira, 19 de julho de 2010

The West Black Sea Tour

Hello people!

Continuando o post anterior...


Na sexta-feira à noite, depois de tomar banho e arrumar uma malinha na minha casa, voltei para Izmit para encontrar os AIESECers (em um café, tomando chá preto e jogando gamão, obviamente!), e pegar o ônibus para o West Black Sea Tour.

Hmmm.... West Black Sea Tour???

Programação: passar a noite no ônibus de sexta-feira para sábado, passear em Safranbolu e tomar um turkish bath no sábado durante o dia, festa no sábado à noite (!), pernoite em hotel de sábado para domingo, passeio de barco em Amasra no domingo, retorno para Izmit no final do dia. Então lá fui eu, super animada com a perspectiva de um final de semana diferente, com todos os intercambistas e turcos reunidos.

Depois de uma viagem de ônibus super cansativa (5 horas passando frio, sentada no ônibus e sem dormir direito) chegamos finalmente em Safranbolu. Desde 1994 a cidade é considerada World Heritage pela UNESCO. O legal da cidade é que ela continua intacta desde o Império Otomano, super bem conservada, sem nenhuma mudança nas casas ou nas ruelinhas estreitas, todas de pedras... É realmente muito bonito!

As casas são a principal atração turística: são originais do Império Otomano, e retratam perfeitamente a forma de organização em sociedade da época. No primeiro andar da casa (térreo) ficava o estábulo, com diversos animais. Nos demais andares ficavam os moradores, sempre divididos: mulheres de um lado da casa, homens do outro. As mulheres e os homens se viam somente em ocasiões especiais, e até mesmo para comer existia um tipo de “portinha” por onde as mulheres passavam a comida para o lado dos homens.

Depois disso fomos a um museu, a uma confeitaria especializada em doces típicos turcos (turkish delight), passeamos um pouco pela cidade, almoçamos, descansamos um pouquinho e... Turkish bath!!!

Essa foi mais uma daquelas experiências sobre as quais eu ainda não consigo ter uma opinião formada (e olha que já faz 10 dias). Chegamos ao Hamam e, obviamente, fomos separados: mulheres para um lado e homens para o outro.

A entrada do Hamam é uma sala bem grande, com uma “fonte” no meio (onde são lavadas as toalhas e afins), e salinhas em volta. Cada pessoa entrava em uma salinha, se trocava, deixava seus pertences ali mesmo, trancava a salinha e ia para o banho.

Antes de me trocar, fui “perguntar” (com mímicas, of course) para a turca do Hamam com que roupa que eu devia ficar. A mulher queria que eu fosse peladona lá pra dentro, só enrolada na toalha... Achei meio arriscado né! Pensei “beleza, vou com a parte de baixo do biquíni e me enrolo em uma toalha”. No final das contas, eu entrei no lugar, fiquei lá dentro 1 minuto e já voltei lá pra fora pra colocar meu biquíni de volta, eheheheheheheh...

O local é uma salona gigante em forma de cruz, toda de mármore (chão, paredes, etc.), super quente. No meio da “cruz” tem uma “mesa” circular grandona de mármore onde as mulheres ficam sentadas ou deitadas, e as “pontas” da cruz são salinhas onde as pessoas ficam se banhando.

Explicando melhor: cada uma dessas salinhas tem 3 “pias”, com água quente e fria. Dentro das pias tem baldinhos de plástico, e as mulheres ficam enchendo o baldinho de plástico com água (geralmente fria) para jogar no corpo, já que lá dentro é quente como uma sauna.

A diversão das jovens turcas é ficar fazendo guerrinha de água gelada de um lado para o outro da cruz, além de cantar e dançar músicas “típicas” de Hamam. Até as turcas do Hamam entravam na brincadeira.

Essas turcas do Hamam são as mulheres que trabalham lá. Elas distribuem toalhas, organizam as salinhas, e são elas que fazem os serviços que são oferecidos no Hamam. São senhoras rechonchudas, todas enroladas em uma toalha e usando sutiãs transparentes tamanho 50, modelo de avó. Pense numa visão bonita!!!

Óbvio que a Simone, super empolgada, aproveitou que estava num Hamam para ter um momento “cuidando de si mesma”. Fiz uma exfoliação seguida de massagem (pela bagatela de 7,50 turkish liras). Gente, quando eu vi as outras meninas fazendo isso, juro que deu vontade de desistir!

A senhora turca rechonchuda te faz tirar a parte de cima do biquíni, te manda deitar em cima da toalha no círculo central do Hamam, e começa a te esfregar loucamente. De frente, de costas, sentada, no rosto, no corpo, no pé, até no peito e na bunda. E muito, muito, muuuito forte. Detalhe: elas usam a mesma luva exfoliante para todas as meninas, sem exceção.

Depois da exfoliação, uma massagem supostamente “relaxante”: a turca rechonchuda me dava uns tapas tão fortes que eu fiquei até com medo. Mas no final das contas, fui tão esfregada e levei tanta porrada que eu até saí de lá me sentindo mais leve e relaxada. Valeu pela experiência.

(Highlight: a depilação – ou a falta de depilação – da menina da Índia. Muuuitos pêlos saindo por todos os lados do maiô. Segunda visão bonita do dia).

De lá fomos para o hotel, onde tivemos tempo para tomar banho (?) e nos arrumarmos. Depois nós jantamos e... Festa!!!

Dessa vez até que estava legal. Claro né, estávamos em um hotel que ficava entre o nada e lugar nenhum, e onde éramos os únicos hóspedes. Então a festa não foi aquela coisa ridícula de 10 turcos te olhando o tempo inteiro, tentando controlar onde você está ou se você está falando com alguém que não deve. Mas ainda assim tiveram alguns acontecimentos engraçados...

Por exemplo, o americano (James) e a tcheca (Adela) estavam dançando juntos, do jeito norte-americano de dançar (aquela coisa meio “pimp”). Deu 5 minutos e já tinha um turco separando os dois. Juro!!! Daí eles davam risada, esperavam um pouco e voltavam a dançar juntos. Deu mais 5 minutos e lá vinha alguém separá-los de novo... Gente, sério, seria trágico se não fosse cômico. Conversar com estranhos em uma balada aberta? Ok, realmente não é algo recomendável... Agora, dançar com o seu amigo em uma festinha fechada para 80 pessoas? Desde quando isso é um problema???

(Ah, quero deixar claro aqui que a minha revolta não é de “brasileira saidinha”! Todos os interns estão de saco cheio com os turcos, e inclusive na viagem para Istambul apelidaram o Comitê Organizador de KGB. E eu sou uma das que menos reclama, viu mãe? Mas também, que graça teria o blog se não fossem essas revoltas né!)

No dia seguinte, fizemos um passeio de barco por Amasra. Infelizmente, o barco era daqueles que balançava horrores, e eu passei a viagem inteira meio enjoada. Mas a vista é linda, e o Mar Negro novamente me surpreendeu positivamente.

(Outra coisa que me surpreendeu positivamente foi a depilação da menina da Índia. All of a sudden, de um dia para o outro, a floresta amazônica tinha sido desmatada, como se fosse mágica. Viva a Gilette, o Veet e afins!).

Acabado o passeio de barco, vamos todos de volta para o ônibus para pegar o caminho da roça. Saímos de Amasra por volta das 19 horas. Previsão de viagem: 5 horas, com chegada em Izmit à meia-noite. Acontece que os ônibus de Izmit para Hereke só funcionam até meia-noite, então eu estava super preocupada de não ter como voltar para casa de madrugada. “Tomara que o ônibus vá bem rápido!”.

Que nada! Passou menos de uma hora de viagem, e de repente o ônibus quebrou. Não faço a mínima idéia do que aconteceu, só sei que ficamos parados por mais de uma hora, com direito a meninos empurrando o ônibus e polícia rodoviária sinalizando a estrada. No final das contas, já era mais de duas horas da manhã quando chegamos em Izmit.

Nada de ônibus, a minha família já estava dormindo... Foi o santo Ozzy que me salvou. Fomos eu e mais duas brasileiras dormir lá perto, na casa de um AIESECer que mora sozinho e estava viajando (Hakan). “Dormir” – das 2 da manhã até as 6h30 da manhã, hora em que acordei para pegar o primeiro ônibus do dia para Hereke, as 07h da manhã de segunda-feira. Exaustão é apelido!!!

Cheguei na minha casa as 08h, tirei um merecido cochilo, tomei um banho, arrumei as minhas malas e... Time to say goodbye.

Minha mãe e minha irmã turca me deram presentinhos, muito fofas. Daí a minha mãe e a avó ficaram em casa, e meu pai e minha irmã me levaram de carro até o centro. Ah, quando fui me despedir da minha mãe, aquela cena clássica: as duas com lágrimas nos olhos, e ela como sempre falando comigo em turco, e a Bilge do lado traduzindo. Já estou com saudades!

A Bilge e o meu pai me levaram até o escritório da AIESEC – mais uma despedida, mais triste ainda. Encontrei a Fê na AIESEC, onde os meninos do Comitê Organizador (KGB, eheheh) estavam nos esperando. Todos foram com a gente até a estação de ônibus, carregando nossos mochilões de 20 kgs durante todo o trajeto (essa gentileza dos homens turcos vai fazer falta).

Mais um momento “despedida” super triste – esperando o ônibus, batendo fotos, todo mundo abraçado... É muito triste pensar que possivelmente eu nunca mais na minha vida vou encontrar essas pessoas. A imagem do pessoal do lado de fora do ônibus acenando com cara de choro é daquelas que vai ficar na memória por muito tempo. Já estou com saudades (2)!

Pegamos o ônibus para Istambul, e de Istambul pegamos o tour para a Capadócia. Mais detalhes sobre essa viagem no próximo post!

Beijos e abraços amorosos e saudosos!

Si

sábado, 17 de julho de 2010

Here I am again!!!

Oi pessoas!

Eu sei que há apenas 5 dias eu escrevi que dali em diante eu ficaria sem muito tempo e/ou acesso à internet, e que talvez aquele fosse meu último post no blog, mas a verdade é que eu não me aguentei!

Começamos agora a nossa viagem, e tem tantas coisas legais acontecendo e que eu quero compartilhar com vocês, que resolvi que vou me esforçar ao máximo para mantê-los atualizados de tudo.

Maaas, como eu sou eu – uma pessoa extremamente metódica – é claro que não vou pular direto de Istambul (último post) para o dia de hoje (17 de julho, sábado). Essa lacuna no tempo iria me atormentar profundamente, provavelmente por toda a eternidade (e quem me conhece bem sabe que isso não é uma brincadeira). Tal pai, tal filha! Né seu Nelson?

Então vou fazer um post comentando “brevemente” (AHAM, como se isso fosse possível!) os acontecimentos dos dias da semana passada.

Segunda-feira

A segunda-feira teria sido mais um dia normal, de aulas e apresentações para os teenagers, se não fosse por um acontecimento muito... Especial.

Depois que voltei do meu intervalo de almoço, uma das minhas alunas (A Ozgenur – se fala “Osguen”) me chamou num canto e falou que queria fazer um “speech” pra mim. Eu, bem tança, achei que ela queria fazer alguma pergunta sobre a aula ou qualquer coisa do gênero. So... “Ok my dear, I’m listening to you”.

Daí ela parou na minha frente e começou – foi mais ou menos assim: “Simone, since the first time I saw you I really really liked you and connected with you. You are really special. I think of you as if you were my older sister, and this is why I want to give you this”.

Então ela tirou da bolsa um pacotinho de presente com uma pulseirinha dentro, e quando eu abri e vi a pulseira (já quase chorando) ela me mostrou o braço dela, e que ela tinha uma pulseira igual. E me deu um abraço apertado e um beijo na bochecha.

Ai gente, achei muito lindo! Impossível de explicar somente com palavras. Foi um daqueles momentos em que as coisas ganham um sentido completamente diferente. Afinal de contas, quando na minha vida que eu imaginei que serviria de “role model” para uma teenager turca? Ainda por cima levando em consideração que antes de começar o Camp eu estava apavorada, achando que os alunos iam me odiar e morrendo de medo deles... Então foi, com certeza, mais um daqueles momentos que sozinhos fazem a experiência inteira valer à pena.

Terça-feira

Na terça-feira as aulas acabaram mais cedo, e por conta disso os AIESECers e os interns resolveram dar uma esticadinha no pub para um Happy Hour (conceito aparentemente universal).

Agora as pessoas que acompanharam meus posts desde o início pensam: “lá vai ela de novo falar do único pub da cidade que aceita mulheres estrangeiras que bebem álcool e mostram seus corpos”... Nada disso! PASMEM! Saímos na companhia de um AIESECER mais velho, que nos mostrou que nem tudo está perdido. Afinal de contas, descobrimos que tem outro pub legalzinho em Izmit que nós podemos frequentar. Oba!!!

Esse AIESECer é uma figura, e merecia um post inteiro dedicado somente a ele. O nome dele eu não faço nem idéia, mas todo mundo o chama de Ozzy. Inspiração para o apelido: Ozzy Osbourne, o próprio. Então já dá pra imaginar a cara da figura. Cabelão comprido, camiseta de banda de rock, e um colar de caveira (ou “Senhor Coveiro” para a minha amiga Luiza) que acho que nunca deve ter saído daquele pescoço.

Só pelo estilão do moço, já é de se esperar que ele tenha a cabeça um pouco mais aberta que o average turkish guy, right? Então me aproveitei do fato para descobrir qual é, realmente, a dessa juventude. Como diz o ditado, o chopp entra e a verdade sai!

Pra começo de conversa: ele era muçulmano até os 15, 16 anos. Naquela época se revoltou e começou a se questionar sobre várias coisas (como todo bom adolescente), e acabou por se tornar “satanist”. Hmmm, ok. Já namorou umas duas ou três mulheres, e com uma delas inclusive manteve relações sexuais.

(Porque eu estou falando isso? Porque sexo antes do casamento é proibido na religião muçulmana. E eu acreditava que as pessoas de fato respeitavam essa proibição. Mas acabei descobrindo que não).

Segundo o Ozzy, na Turquia é comum que os homens percam sua virgindade antes de se casarem. Mas se as mulheres não podem fazer sexo, então como é que isso acontece? Hmmm... Any guesses?

Fácil né! Na Turquia também existem casas de prostituição (segundo um amigo meu, a profissão mais antiga da humanidade). Obviamente, essas casas não são legalizadas. E segundo o Ozzy, a grande maioria dos amigos dele já tinha ido pelo menos uma vez em um estabelecimento do gênero.

E as mulheres? Geralmente, de fato casam virgens. Quando namoram há algum tempo com a mesma pessoa, pode acontecer de fazerem sexo antes do casamento. Mas caso o namoro termine, segundo o Ozzy, essa mulher vai ter que ter bastante sorte para encontrar algum homem de cabeça muito aberta, que aceite casar com ela. Porque na visão dos homens, é como se aquela mulher já tivesse sido “usada”.

Todo esse papo me fez lembrar de diversas novelas da Globo. Eles fazem todo um enredo, montam um elenco, capricham nas locações e nos figurinos, e all of a sudden o país inteiro está parado na frente de uma televisão religiosamente, todos os dias, as 21 horas, sofrendo junto com o drama pessoal da Jade e afins.

Ficamos ali de espectadores, e temos a impressão de que aquela história “exótica” é extremamente distante da nossa realidade. Mas o que eu percebi é que de fato, não é. As mulheres não precisam usar xales coloridos, dançar a dança do ventre ou morar no meio do deserto. São mulheres normais como todas nós, que usam calça Levis e tênis All Star, ouvem música americana, vão para a Universidade, e que ainda assim sofrem esse tipo de discriminação.

Bom, pararei meus comentários sobre o assunto por aqui, porque acho que não cabe a mim julgar religião e diferenças culturais. Realmente, acredito que somente nascendo e crescendo em determinado meio é que alguém é capaz de entender a sua real complexidade. Só queria mesmo dividir um pouquinho desse papo muito louco com aqueles que acompanham meu blog.

Quarta-feira

Mais um dia quente como o inferno. Para vocês terem uma idéia, na volta de Izmit para Hereke, o ônibus permaneceu durante todo o trajeto (40 minutos) com as portas abertas, para refrescar um pouco o ambiente (e isso porque o ônibus não estava nem tão cheio assim). Ah, e eu demorei um tempão para entender o porque da porta aberta – fiquei pensando “meu Deus, que gente estranha, fecha essa porta, que perigo!!!”. Ahahahahahahah, olha eu, super acostumada com o transporte público né.

Mas o acontecimento mais legal da minha quarta-feira foi a hora da janta.

Estávamos todos reunidos na mesa (eu, mãe, pai e Bilge), e a minha mãe falou (e a Bilge traduziu, obviamente) algo do tipo: “Simone, we will miss you. We got very used to having you here. You changed our lifes a little bit. You are very nice and very easy to live with. Graduate and come back to Turkey, you can live here with us”.

Sem mais comentários. Sentirei muitas saudades da Turquia.

Quinta-feira

Quando estávamos nos preparando para o intercâmbio, fomos informadas de que teríamos que cozinhar comidas típicas brasileiras em um evento de integração entre os interns e os alunos (chamado “Global Village”). Então eu e a Fê trouxemos para cá alguns ingredientes necessários para preparar as nossas especialidades brasileiras.

Nada de feijão, obviamente. Os “ingredientes” eram duas latas de leite condensado e uma lata de nescau, para fazermos brigadeiro e uma nega maluca.

Acabou que fomos embora de Kocaeli antes do Global Village acontecer, e por isso resolvemos preparar os quitutes para as nossas famílias. Tudo bem, admito que cozinhar não é exatamente a minha especialidade, mas também não dá pra negar que a minha nega maluca não deixa nada a desejar!

Cheguei em casa na quinta-feira depois do trabalho e fui com a minha irmã para a cozinha. Como ela adora cozinhar (e o faz muito bem), falei pra ela me ajudar no processo.

Mas então ela veio com uma história meio estranha... Falou que a farinha que ela tinha em casa era diferente das farinhas normais, e que não era pra eu usar a mesma quantidade de farinha que eu usaria normalmente, senão o meu bolo ia ficar ruim... Experiência própria dela. “Ok, se você que é a cozinheira está me dizendo isso, não sou eu que vou contrariar né!”.

Ao invés de 3 xícaras de farinha acabou que colocamos uma xícara e meia, ou no máximo duas. E colocamos o bolo no forno. E passaram 30 minutos. E o topo do bolo já estava queimado, e nada do bolo assar. A Bilge (a cozinheira) tirou o bolo do forno, tirou a parte queimada de cima do bolo, jogou no lixo, e resolveu colocar o bolo de novo no forno. Mais 30 ou 40 minutos. E nada do bolo assar... Claro né! Tinha menos farinha até do que açúcar naquilo, era óbvio que não ia assar nunca!!! Acabamos desistindo e jogando tudo fora.

Sério, foi muito triste! Fiquei muito desolée. Queria fazer uma surpresa legal para a minha família, e no final só o que nós conseguimos foi sujar o forno inteiro (porque além de não cozinhar nunca, o bolo ainda estava vazando por baixo da forma – uma daquelas formas de torta desmontáveis).

Ok, né! Com muito esforço conseguimos dar uma limpada no forno, que em seu estado natural já é um forno nojento (e viva a higiene brasileira!!!). Mas como eu sou brasileira e não desisto nunca, resolvi que eu ia tentar fazer o brigadeiro. Alguma coisa tinha que dar certo!

No final, até que o brigadeiro ficou bom. Eu tinha encontrado granulado no supermercado, então ensinei a minha irmã a enrolá-los, o que foi bem divertido. Mas quando terminamos a “enrolação”, a Bilge “cozinheira” queria colocar meu brigadeiro no freezer. Aaaahhh, mas era só o que me faltava!!! Fui obrigada a bater o pé e dizer que não. (Mas tudo super amigavelmente, é claro!!!).

Na sexta-feira à noite fui dar uma espiada nos brigadeiros, e acho que se comeram um quarto do prato foi muito. Mas eu juro que estava bom. Acho que deve ser o paladar turco que não está tão acostumado aos doces brasileiros (super doces).

Sexta-feira

Sexta-feira foi o encerramento oficial do primeiro Camp, e por isso foi um pouco diferente dos demais dias da semana...

Cheguei na Universidade de manhã cedo, achando que ia dar aulas como sempre, mas acabou que passamos a manhã inteira trocando recadinhos entre interns e alunos.

Explicando: o Comitê Organizador do Camp (OC Team) colou na parede do auditório principal da Universidade um envelope com o nome de cada “professor” (intern) e um envelope com o nome de cada aluno. Então sexta-feira foi um momento mais de despedida mesmo, onde ficamos escrevendo recadinhos para os alunos e para os demais intercambistas. Tudo ao som de “Goodbye My Lover” do James Blunt. Very very sad!

No horário do almoço, algumas das mães dos alunos serviram pratos turcos típicos para os interns – borek, pide, dolma, etc. Uma delícia!

E durante a tarde fizemos um pequeno “Global Village” – cada país tinha uma mesa onde os interns deveriam expor coisas típicas da cultura local.

Gente, o stand do Brasil estava lastimável!!! Eu e a Fê tínhamos uma bandeira (que na verdade é a minha canga), e... Só. Juro. Esquecemos completamente de levar cartão postal, livros, artesanato...

Daí pra dar uma recheada na mesa e diminuir a nossa vergonha partimos mais uma vez para o clássico improviso brasileiro: a Fê colocou em cima da mesa um livro meu que ela está lendo (Zuenir Ventura e Luiz Fernando Veríssimo), colocamos nossas carteiras de identidade, ligamos meu laptop e colocamos uma playlist de axé pra tocar... Ah, e colocamos em cima da mesa também um protetor solar Nivea que eu tinha acabado de comprar (todo escrito em turco), para simbolizar que o Brasil é um país com muitas praias e sol. E uma manteiga de cacau, e uma medalhinha católica. Lastimável!!!

Mas é claro que com a animação e simpatia das brasileiras o nosso stand até que ficou divertido. Ufa!!!

Depois do Global Village fui pra casa – Hereke. Tomei um banho, arrumei as malas e voltei para Izmit, para a excursão do final de semana – West Black Sea Tour.

Mas a excursão é assunto para um próximo post!

Estou com saudades de tudo e de todos!

Beijos e abraços, amo vocês!

Si

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Amigos, amigas e família...

Estou fazendo esse post para avisar que estou indo viajar hoje, e retorno ao Brasil em 15 dias.

Acredito que terei pouco acesso à internet de agora em diante, e portanto não sei se vou poder continuar os posts no blog. Prometo que vou tentar!

Muito obrigada a todos que se deram ao trabalho e tiraram o tempo de ler meus imensos posts. Foi um prazer fazer esse blog, mesmo que por tão pouco tempo!

Beijos, abraços e saudades!

Amo vocês!

Si

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Desistir, jamais!!!

Caros leitores e leitoras (me sinto muito pretensiosa escrevendo isso),

Quero pedir milhares de desculpas pela minha demora em fazer esse post, mas essa semana foi super corrida aqui na metrópole turca de Kocaeli. Essa é a minha última semana aqui, e por isso diversos fatores tomaram meu tempo: a correria do trabalho, a necessidade de ir atrás das últimas comprinhas, a vontade de aproveitar ao máximo os últimos momentos...

E acabei negligenciando o blog, eu admito. Mas agora estou aqui de volta, pronta para escrever mais um capítulo de bíblia. As always!

Bom, começando pela sexta-feira passada...

Se no jogo do Brasil x Portugal a Simone e a Fernanda já estavam super agoniadas e incomodando Deus (ou Allah) e o mundo para ir para o pub, então imaginem como estávamos empolgadas para o jogo Brasil x Holanda, né?

Dessa vez decidimos que não íamos esperar ninguém: mal deu 16 horas e já pegamos o caminho do pub. Mais uma vez, lá estávamos nós entrando na portinha “escondida” e subindo os 5 lances de escada para chegar no único pub que nos aceita na cidade. Sendo encaradas all the way up, of course.

Bom, to cut the story short, como todos já sabem, foi super triste. No Brasil mesmo eu imagino que tenha sido quase um dia de luto nacional (palavras da Cláudia!). Maaas por outro lado, a Simone e a Fernanda estavam suuuper empolgadas, achando que teriam uma noite super emocionante.

Explico melhor: no sábado as 07h00 deveríamos pegar o trem de Izmit para Istambul. Mas acontece que em nossas cidades não teríamos ônibus saindo tão cedo (eu por exemplo teria que pegar o ônibus as 06h00, o que não existe aos sábados), e então um dos AIESECers – o Artun – se ofereceu para nos hospedar. E era aniversário dele. E, nas palavras dele, “sleep at my place, but the only problem is that we might arrive home late, because it’s my birthday”.

Então não preciso nem descrever qual era a nossa empolgação, right? Finalmente, uma festinha legal! Uhul!!!

Ou não... A super comemoração de aniversário do menino (que estava sozinho em casa) foi tomar duas cervejas no pub durante o jogo, e fazer um super “after” numa lanchonete, comendo kebab e tomando chá turco. E “chegar em casa tarde” foi algum horário entre 23h00 e 00h00... Weird, weird, weird turkish people!!!

Mas, como já dizia o slogan, “eu sou brasileira e não desisto nunca”. E, como eu disse no post anterior, os turcos haviam nos prometido que nos levariam para uma balada em Istambul no sábado à noite... Então eu ainda tinha esperanças de conhecer a noite turca.

Depois de um dia inteiro andando de um lado para o outro, fomos jantar na região de Taksim. Naquele mesmo local estava acontecendo o Festival de Verão de Istambul, e por isso no nosso caminho passamos por uma multidão de pessoas nas ruas, bebendo cerveja e assistindo a shows ao ar livre.

Enquanto caminhávamos, o Artun falava algo do gênero “girls, get ready to see the real Istambul night life”. E a expectativa ia aumentando by the second. Até nós chegarmos no SUUUPER night club que os AIESECers escolheram.

Nome: She-Va. No andar térreo, uma cantora folk turca pessimamente afinada. Subimos mais ou menos 3 andares (qual é a dificuldade desses turcos em fazer pubs e baladas térreos?), e chegamos no tão esperado local. Um salão praticamente vazio. E já era quase meia-noite. No canto, uma mesa com um gordinho estranho, nos seus 50 anos, dançando de um jeito que lembrava o Fofão.

Na hora em que viram aquilo, todos os interns (e principalmente as brasileiras) fizeram a maior cara de bunda já vista no mundo. Era melhor ter ficado no meio da rua mesmo! A maior festa rolando lá fora, e a gente confinados naquele shitty place? WTF! Todos sentaram nas mesas e começaram a reclamar. E enquanto isso, os turcos fingindo que estava tudo bem, que era super legal, e tentando puxar todo mundo para dançar em uma rodinha ridícula de 3 pessoas.

Até que o James (americano com a maior cara de almofadinha ever) foi falar com o Artun, para voltarmos para o Hostel e passarmos a noite no próprio pub do Hostel mesmo (que por sinal, estava super animado quanto saímos). Diz o Artun: “no, we’re staying here until 2 am”. Não sei porque diabos, mas tá bom né.

Até que uma abençoada alma viu, por acaso, que havia ainda mais um lance de escadas, e que existia mais um andar naquela balada (sim, mais um andar ainda) – ou, em outras palavras, encontramos luz no fim do túnel!. E descobrimos que, no último andar, estava rolando a maior night, com música boa, terraço aberto, fresquinho, vááárias pessoas... Claro que fomos, pouco a pouco, debandando para o último andar.

Sem exagero: estávamos todos os 20 interns dançando, felizes e contentes, começando a aproveitar as suas noites, e não deu nem 15 minutos até que os turcos subissem. “Guys, come on, we’re leaving”. Mas porque??? Porque segundo eles, “it’s too crowded in here”. UNBELIEVABLE!!!

Primeiro, quando pedimos para ir embora, não podíamos. Então, quando começamos a aproveitar o local, passaram 30 minutos e tivemos que ir embora. Ah, é de cair o ** da bunda mesmo!!!

Passamos novamente por várias ruas agitadas, com bares lotados e música boa, e novamente entramos em um bar, novamente subimos vários lances de escadas e novamente fomos parar em uma sala vazia.

Àquela altura do campeonato a revolta de todos os interns já estava escancarada. Acabou que ficamos nesse segundo lugar por mais 20 minutos e resolvemos ir embora para o Hostel. Não sem antes pedir várias vezes para voltarmos para a primeira balada. E não sem antes ouvirmos “não” e mais nenhuma explicação plausível.

Uma coisa é falar que você não deve andar sozinha na rua à noite, na cidade de Kocaeli, usando roupas curtas e decotadas. Até aí, tudo bem. Outra coisa é não permitir que 20 interns, todos maiores de idade e responsáveis, fiquem dançando juntos em uma night em Istambul.

Isso já é passar do “proteger alguém” para o “subestimar a inteligência de alguém”. Eles realmente acham que as meninas vão simplesmente ir embora escondidas da balada com algum Apache que nunca viram na vida? Ou que os meninos vão aceitar bebidas de estranhos, desmaiar no banheiro e ter seus rins roubados? Give me a break!!!

Mas tirando a parte totalitária e ditadora dos AIESECers turcos (que inclusive foram apelidados pelos interns de KGB), a viagem para Istambul foi super legal.

Ficamos em um Hostel na região de Sultanahmet. Recomendo, a região é ótima, é lá que estão a Mesquita Azul, a Aya Sofia e o Grand Bazaar, atrações turísticas imperdíveis da cidade.

Como já era de se esperar, nenhuma das meninas estava decentemente vestida para entrar em uma mesquita (em Istambul fazia um calor infernal). Mas na entrada eles distribuem pedaços de pano (tipo lençóis) para as mulheres se cobrirem. Um para as pernas, um para o colo. E sacolinhas para guardar os sapatos. Por dentro a Mesquita Azul é muito linda, gigantesca e impressionante.

Aya Sofia (ou Hagia Sophia) é o nome de uma antiga igreja católica (de 360 a 1260), que depois se tornou mesquita (de 1450 até 1930) e hoje em dia é um museu. O mais interessante do local é reparar na mistura: símbolos gigantescos de Allah nas paredes, e imagens de Jesus Cristo e Maria no teto. Super legal. Um pouco mal conservado, e achei a entrada meio abusiva (20 turkish liras, sem desconto para estudante). Mas tudo bem, vai.

Grand Bazaar: é um imenso “galpão” (bem-estruturado) com várias lojas dos mais diversos produtos turcos. É impressionante a quantidade de joalherias, e a extravagância das jóias (uso a palavra num sentido negativo, porque na maioria das vezes tornam-se jóias bregas e de mau-gosto). Anyways, acho que nisso as esposas turcas devem ser bem tratadas! As demais lojas tinham todas a mesma coisa: uma infinidade de olhos turcos, cerâmica, lenços, narguiles, sapatos estranhos, roupas de dança do ventre, chapéus de abu (o macaquinho), entre outros.

E o “negociar” é um capítulo à parte. Como já tínhamos tido a experiência no Marrocos, já sabíamos que era uma tradição, algo normal nas lojinhas do Bazaar. Mas se os turcos tem fama de pão-duro, descobrimos ali que não era à toa. Eita povinho difícil de negociar! No Marrocos era só virar as costas que vinham atrás de ti com um preço melhor. Ali já era um pouco diferente.

E é claro que mesmo barganhando, você sempre sai do local com a certeza de que fez um mal negócio e de que foi passado para trás. E é muito provável que você esteja mesmo certo. No final das contas, quando negociando com árabes, o preço bom varia de pessoas para pessoa, e se resume ao quanto você está disposto a pagar por algo.

Além desses locais, visitamos também dois palácios: O Palácio Dolmabahce e o Palácio Topkapi.

O Dolmabahce era o palácio onde viviam os sultões da Turquia, e depois onde viveu Ataturk (herói da libertação nacional). Impressionante, pelos lustres maravilhosos de cristais ingleses ou de cristais Baccarat franceses, pelo pé-direito de 40 metros, pelos tapetes gigantescos (os mais bonitos eram feitos em Hereke), adornos de ouro nas escadas, um jardim lindo, na beira do Estreito de Bósforo... Lindo demais.

E o Topkapi também é lindo. Também foi residência dos sultões. O mais impressionante eram as salas cobertas de azulejos maravilhosos, com detalhes em madrepérola, os jardins imensos e super agradáveis, e uma exposição de roupas de sultão super antigas (tipo 600 d.C.) e jóias maravilhosas. Ah, e novamente, uma vista do Estreito de Bósforo de tirar o fôlego.

Comentário à parte: nos dois palácios existem os Harems - as áreas onde os sultões ficavam "hanging out" com suas dezenas de esposas. Me senti num dos contos de "Mil e Uma Noites".

Aos interessados em visitar a Turquia, so far eu suuuper recomendo.

Terminamos a nossa viagem no domingo com um passeio de barco de 2 horas pelo Estreito. Muito lindo! E rendeu aos interns (principalmente à Fê) um torrãozinho básico. Pra mim, só uma leve náusea.

Ah, uma coisa legal que fizemos antes do passeio de barco: comemos um lanche típico turco (cujo nome eu não me lembro), mas que é um pedação de pão com alface, cebola e um peixe praticamente inteiro, pescado ali mesmo no Estreito. É muito engraçado: as mesinhas e cadeiras ficam em terra firme, e o “restaurante” fica dentro de um barco, no mar mesmo. Então eles estão pescando, fritando e vendendo o sanduíche em “alto-mar”, e aqueles barcos chacoalham MUITO. Fiquei tonta só de olhar para eles... Então imaginem o pobre coitado que passa o dia inteiro fritando peixe no balanço do mar.

O lanche em si até que é gostoso, mas tem algumas coisas que não dá para entender. Por exemplo: custava tirar a espinha do peixe? Sério, meu sanduíche (e de mais alguns interns) veio premiado com uma espinha de peixe gigante dentro. What’s the matter with you people? Bom, de qualquer forma, é uma experiência interessante para os mais”aventureiros”.

E um comentário: que saudades do sistema ferroviário Europeu... Nosso trem de Istambul a Hereke fedia, era quente como o inferno, e tinha uma quantidade imensa de pessoas viajando de pé, ou sentados no chão naquele espaço entre os vagões. Situação precária mesmo!!!

Termino meu post por aqui, porque já são 3 da manhã nessa parte do mundo. Espero ter tempo amanhã para mais um post contando sobre a semana que passou e os planos para o futuro. Veremos!

Beijos a todos, saudades imensas!

Si

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Hello people!

Já que várias pessoas me pediram, vou contar com mais detalhes como está sendo a minha experiência com os teenagers até agora (se é que dá pra contar algo com mais detalhes do que eu já conto normalmente, eheheheh...).

O programa que eu estou participando se chama “Myself My World”, e é basicamente o seguinte: adolescentes de 15 a 18 anos (em teoria, porque na verdade temos alunos que vão de 12 a 20 anos), que estão de férias, e vão todos os dias para a Universidade de Kocaeli para participar de um “Camp” de duas semanas, que é todo em inglês.

Ou, pelo menos, deveria ser. Annoying turkish AIESECers! Sempre que eu e a Fê estamos conversando em português eles brotam do meio do nada e nos dão um esporrinho básico, com frases do tipo: “English, please!”. Mas não é como se eu e a Fê estivéssemos no meio de uma rodinha de turcos falando português... Não, nunca! São situações em que, por exemplo, nós estamos num canto, conversando sobre alguma coisa particular, e algum deles vem ao nosso encontro do nada, sem motivo nenhum, só para ouvir o que estamos falando e nos dar um esporro. Tenho certeza que é de propósito!

Daí quando eles organizam um Camp em inglês, com o objetivo principal de justamente ensinar os teens a falarem inglês, eles começam a dar recados em turco! É muito revoltante!!! Poxa, pelo menos fala primeiro em inglês e depois repete em turco, né? Fora que eles ficam nos cobrando, mas é óbvio que eles também não falam inglês entre eles, né. Esses turkish AIESECers me tiram do sério de vez em quando.

Bom, voltando ao assunto.

Pelas manhãs nós (intercambistas) damos treinamentos em pequenos grupos, sobre assuntos diversos, sempre ligados aos valores da AIESEC: leadership, time management, presentation skills, effective communication, body language, global issues... Coisas desse gênero. E à tarde os intercambistas apresentam seus países no grande grupo.

“Hmmm... Então quer dizer que tu e a Fê vão fazer uma apresentação sobre o Brasil na frente dos 100 teenagers, dos 30 intercambistas e dos 10 turcos da organização?”

É, pois é. Na verdade inclusive já apresentamos – foi ontem (4ª feira). E foi, no mínimo... Interessante.

Por exemplo: tem algumas coisas que não podem faltar em uma apresentação do Brasil, como “Carnaval”. E são teenagers, então tínhamos que explicar com mais imagens do que palavras. Complicado! Vai encontrar alguma foto de mulher desfilando em carro alegórico com roupas decentes? Eu desafio vocês!

Outra coisa que nós queríamos era mostrar a capoeira. Acontece que o único vídeo de qualidade razoável que conseguimos encontrar era de um negão só de calça, lutando com uma loira gostosa, também só com a calça branca de capoeira e um top branco (tipo “de ginástica”). Então, de novo, lá estavam a Simone e a Fernanda mostrando corpos sarados semi-nus. Êêê, maravilha!!!

E como se não bastasse, vááários dos alunos e dos próprios intercambistas nos pediram pra ensiná-los a dançar samba. Mas quem já saiu comigo sabe que eu estou beeem longe de ser alguém que dança bem. Na verdade estou mais para o outro oposto, no grupo das pessoas que dá até vergonha de ver dançando... E inclusive meu “samba abre-alas” é motivo de piada entre as amigas. So, what about now???

Vamos recorrer de novo ao santo YouTube, né? (Descobrimos um jeito de burlar a proibição do governo). Encontramos um vídeo perfeito: Samba lesson, em inglês, step by step, aparentemente super fácil. Com um porém: a professora era uma brasileira (obviamente), no estilo “morena do Tchan”, vestindo uma calça de ginástica justérrima e um top de ginástica frente-única. Então, pela terceira vez em 45 minutos, lá estavam a Simone e a Fernanda chocando a população turca.

Eheheheheh... Brincadeiras à parte, não foi tão ruim assim. Ninguém fez cara de assustado, na verdade só ouvimos alguns comentários dos AIESECers turcos e dos outros intercambistas (homens), do tipo “Wow, brazilian women are really beautiful!”.

No vídeo de capoeira chamamos um menino da Indonésia (o Sylvan) para demonstrar, porque ele sabe um pouquinho, então foi super legal. E no vídeo de samba bastante gente levantou e ficou tentando dançar junto, foi divertido também. Ah, tudo isso ao som de “Trem das Onze”, que era o mais perto de samba que eu tinha no meu computador. Novamente, se vira nos 30 Simone!!!

E falando em “se vira nos 30”, mais uma coisa engraçada. Falamos um pouco sobre cultura brasileira: literatura, música... E o exemplo de música famosa foi a clássica “Garota de Ipanema”. Acontece que eu também não tinha essa música no meu computador para mostrar (suuuper bem preparada, eheheheheh...). Então vai no improviso mesmo, né! Agora só imaginem eu (e minha voz linda) e a Fê cantando sozinhas no microfone, “a cappella”, com as 130 pessoas só olhando e batendo palmas no ritmo da música. Constrangedor é apelido!!!

Mas antes que vocês me critiquem, deixa eu esclarecer: a nossa apresentação foi bem completa, ok? Falamos de cada região do país, das principais cidades, doS esporteS (e não só do futebol), do presidente, da cultura... E quando mostramos o Nordeste falamos da seca e da pobreza, e quando mostramos o Rio de Janeiro também falamos do problema das favelas, da violência urbana e do tráfico de drogas. Nessa hora a Fê foi até aplaudida, parecia discurso de político. Deu orgulho de ver! Então não se preocupem, não estamos difundindo aquela imagem estereotipada do nosso país (“samba, carnaval, caipirinha, mulher gostosa”). E inclusive no final várias pessoas vieram nos elogiar, o que foi bem legal.

As aulas no pequeno grupo (meu Green Team) também tem sido super legais. Vou contar um pouquinho.

Ontem, para falar sobre Effective Communication e Body Language, eu e o Pali (o eslovaco que as menininhas adoram) fizemos uma encenação daquela novela turca que eu descrevi alguns posts atrás. Eu era a Bihter (a gold-digger) e ele era o sobrinho do velho (aquele que na verdade não é sobrinho). Foi divertidíssimo, os teens adoraram! Mas ainda tivemos várias falhas de planejamento bizarras – por exemplo, começamos um jogo de mímica (do tipo “imagem e ação”) com eles, e cada um dos organizadores tinha entendido as regras de um jeito diferente. Acabou que tivemos que recomeçar o jogo umas 2 vezes, enquanto os teens nos olhavam com aquela cara de “I am bored... Do you even know what you are doing in here?”. Fora o parto de conseguir que eles se voluntariem para participar das coisas, ou abrir a boca pra dar uma opinião...

Mas conforme os dias vão passando, eles estão ficando cada vez mais “soltos”, e falando cada vez mais. Hoje, por exemplo, foi super legal. O tema do dia era “leadership”, então em um certo momento nós pedimos para eles darem exemplos de líderes que eles conheciam.

Falaram do presidente, do primeiro ministro, e também do Ataturk. O Ataturk foi o homem que liderou a Turquia na guerra pela independência do Império Otomano. Aqui ele só não é mais adorado que Allah. Em todas as lojas que você entra, em todos os lugares que você vai, sempre tem um rosto do Ataturk na parede, uma estátua dele na rua... Ele é realmente a pessoa mais importante desse país.

Então lá estavam os teens nos contando a história do Ataturk. Uma delas comentou que eles aprendem isso na escola. E soltou a seguinte declaração: “na escola nós aprendemos sobre o Ataturk, mas não aprendemos sobre os governantes atuais. Nós não falamos de política na Escola, porque existe uma lei que proíbe que se fale de política na Escola”.

Hmmm... Que maravilha, hein! Então quer dizer que nesse país há uma lei que proíbe que se fale de política na Escola!!! E mais: segundo um dos AIESECers turcos, o motivo da proibição do YouTube na Turquia é que existem vídeos lá que falam mal do Ataturk... Mas que beleeeza de democracia, hein???

Mas revoltas à parte, vimos que o assunto era “delicado”, concordamos com a cabeça e já logo passamos para outro líder. Diplomacia, always!

Ah, outro detalhe curioso sobre a apresentação de hoje. As meninas que prepararam a apresentaçao fizeram um slide com imagens de vários líderes famosos no mundo: Bush, Obama, Hitler, Mandela, Gandhi, Dalai Lama, Allah, Jesus Cristo... Quando mostramos para os AIESECers turcos, na hora nos mandaram tirar as imagens de Allah e Jesus Cristo. Fiquei novamente pensando nas diferenças entre os países: no Brasil, nas livrarias, você encontra facilmente o livro “Jesus, O Maior Líder que Já Existiu”.

Ou outra coisa: eu trouxe para cá uma canga de bandeira do Brasil, para ser multi-uso. Posso usar de canga na praia, bandeira nos jogos do Brasil e eventos da AIESEC... Super útil! Enfim... Amanhã é aniversário do Artun, um dos organizadores do projeto. Então uma menina sugeriu que comprássemos uma bandeira da Turquia e que todos os intercambistas assinassem seu nome e deixassem uma mensagem. Pensei “poxa, legal né”. Mas um turco falou que seria um baita desrespeito, a mesma coisa que se alguém resolvesse mijar na bandeira. Então imagina o que eles pensam quando vêem eu, a brasileira de biquíni, pegando sol deitada em cima da bandeira do seu país. Deve ser a coisa mais absurda do mundo...

Bom pessoas, tenho mais um milhão de curiosidades pra contar sobre a Turquia e as diferenças culturais que eu estou vivenciando diariamente, mas agora estou com sono e esse post já ficou gigante... E haaaja paciência para ler os relatos detalhados da Simone!

Esse final de semana iremos (intercambistas) para Istambul, e reza a lenda que os turcos vão nos levar até numa balada! Só espero que não comece as 18h e acabe as 21h como a outra. Aguardem mais novidades no domingo ou na segunda-feira!

Beijos, abraços, um ótimo final de semana a todos!

Saudades, amo vocês!

Si

P.S. Amanhã, como sempre, assistiremos o jogo do Brasil no único pub que nos aceita na cidade. Positive vibrations!!!