Hello people!
Continuando o post anterior...
Na sexta-feira à noite, depois de tomar banho e arrumar uma malinha na minha casa, voltei para Izmit para encontrar os AIESECers (em um café, tomando chá preto e jogando gamão, obviamente!), e pegar o ônibus para o West Black Sea Tour.
Hmmm.... West Black Sea Tour???
Programação: passar a noite no ônibus de sexta-feira para sábado, passear em Safranbolu e tomar um turkish bath no sábado durante o dia, festa no sábado à noite (!), pernoite em hotel de sábado para domingo, passeio de barco em Amasra no domingo, retorno para Izmit no final do dia. Então lá fui eu, super animada com a perspectiva de um final de semana diferente, com todos os intercambistas e turcos reunidos.
Depois de uma viagem de ônibus super cansativa (5 horas passando frio, sentada no ônibus e sem dormir direito) chegamos finalmente em Safranbolu. Desde 1994 a cidade é considerada World Heritage pela UNESCO. O legal da cidade é que ela continua intacta desde o Império Otomano, super bem conservada, sem nenhuma mudança nas casas ou nas ruelinhas estreitas, todas de pedras... É realmente muito bonito!
As casas são a principal atração turística: são originais do Império Otomano, e retratam perfeitamente a forma de organização em sociedade da época. No primeiro andar da casa (térreo) ficava o estábulo, com diversos animais. Nos demais andares ficavam os moradores, sempre divididos: mulheres de um lado da casa, homens do outro. As mulheres e os homens se viam somente em ocasiões especiais, e até mesmo para comer existia um tipo de “portinha” por onde as mulheres passavam a comida para o lado dos homens.
Depois disso fomos a um museu, a uma confeitaria especializada em doces típicos turcos (turkish delight), passeamos um pouco pela cidade, almoçamos, descansamos um pouquinho e... Turkish bath!!!
Essa foi mais uma daquelas experiências sobre as quais eu ainda não consigo ter uma opinião formada (e olha que já faz 10 dias). Chegamos ao Hamam e, obviamente, fomos separados: mulheres para um lado e homens para o outro.
A entrada do Hamam é uma sala bem grande, com uma “fonte” no meio (onde são lavadas as toalhas e afins), e salinhas em volta. Cada pessoa entrava em uma salinha, se trocava, deixava seus pertences ali mesmo, trancava a salinha e ia para o banho.
Antes de me trocar, fui “perguntar” (com mímicas, of course) para a turca do Hamam com que roupa que eu devia ficar. A mulher queria que eu fosse peladona lá pra dentro, só enrolada na toalha... Achei meio arriscado né! Pensei “beleza, vou com a parte de baixo do biquíni e me enrolo em uma toalha”. No final das contas, eu entrei no lugar, fiquei lá dentro 1 minuto e já voltei lá pra fora pra colocar meu biquíni de volta, eheheheheheheh...
O local é uma salona gigante em forma de cruz, toda de mármore (chão, paredes, etc.), super quente. No meio da “cruz” tem uma “mesa” circular grandona de mármore onde as mulheres ficam sentadas ou deitadas, e as “pontas” da cruz são salinhas onde as pessoas ficam se banhando.
Explicando melhor: cada uma dessas salinhas tem 3 “pias”, com água quente e fria. Dentro das pias tem baldinhos de plástico, e as mulheres ficam enchendo o baldinho de plástico com água (geralmente fria) para jogar no corpo, já que lá dentro é quente como uma sauna.
A diversão das jovens turcas é ficar fazendo guerrinha de água gelada de um lado para o outro da cruz, além de cantar e dançar músicas “típicas” de Hamam. Até as turcas do Hamam entravam na brincadeira.
Essas turcas do Hamam são as mulheres que trabalham lá. Elas distribuem toalhas, organizam as salinhas, e são elas que fazem os serviços que são oferecidos no Hamam. São senhoras rechonchudas, todas enroladas em uma toalha e usando sutiãs transparentes tamanho 50, modelo de avó. Pense numa visão bonita!!!
Óbvio que a Simone, super empolgada, aproveitou que estava num Hamam para ter um momento “cuidando de si mesma”. Fiz uma exfoliação seguida de massagem (pela bagatela de 7,50 turkish liras). Gente, quando eu vi as outras meninas fazendo isso, juro que deu vontade de desistir!
A senhora turca rechonchuda te faz tirar a parte de cima do biquíni, te manda deitar em cima da toalha no círculo central do Hamam, e começa a te esfregar loucamente. De frente, de costas, sentada, no rosto, no corpo, no pé, até no peito e na bunda. E muito, muito, muuuito forte. Detalhe: elas usam a mesma luva exfoliante para todas as meninas, sem exceção.
Depois da exfoliação, uma massagem supostamente “relaxante”: a turca rechonchuda me dava uns tapas tão fortes que eu fiquei até com medo. Mas no final das contas, fui tão esfregada e levei tanta porrada que eu até saí de lá me sentindo mais leve e relaxada. Valeu pela experiência.
(Highlight: a depilação – ou a falta de depilação – da menina da Índia. Muuuitos pêlos saindo por todos os lados do maiô. Segunda visão bonita do dia).
De lá fomos para o hotel, onde tivemos tempo para tomar banho (?) e nos arrumarmos. Depois nós jantamos e... Festa!!!
Dessa vez até que estava legal. Claro né, estávamos em um hotel que ficava entre o nada e lugar nenhum, e onde éramos os únicos hóspedes. Então a festa não foi aquela coisa ridícula de 10 turcos te olhando o tempo inteiro, tentando controlar onde você está ou se você está falando com alguém que não deve. Mas ainda assim tiveram alguns acontecimentos engraçados...
Por exemplo, o americano (James) e a tcheca (Adela) estavam dançando juntos, do jeito norte-americano de dançar (aquela coisa meio “pimp”). Deu 5 minutos e já tinha um turco separando os dois. Juro!!! Daí eles davam risada, esperavam um pouco e voltavam a dançar juntos. Deu mais 5 minutos e lá vinha alguém separá-los de novo... Gente, sério, seria trágico se não fosse cômico. Conversar com estranhos em uma balada aberta? Ok, realmente não é algo recomendável... Agora, dançar com o seu amigo em uma festinha fechada para 80 pessoas? Desde quando isso é um problema???
(Ah, quero deixar claro aqui que a minha revolta não é de “brasileira saidinha”! Todos os interns estão de saco cheio com os turcos, e inclusive na viagem para Istambul apelidaram o Comitê Organizador de KGB. E eu sou uma das que menos reclama, viu mãe? Mas também, que graça teria o blog se não fossem essas revoltas né!)
No dia seguinte, fizemos um passeio de barco por Amasra. Infelizmente, o barco era daqueles que balançava horrores, e eu passei a viagem inteira meio enjoada. Mas a vista é linda, e o Mar Negro novamente me surpreendeu positivamente.
(Outra coisa que me surpreendeu positivamente foi a depilação da menina da Índia. All of a sudden, de um dia para o outro, a floresta amazônica tinha sido desmatada, como se fosse mágica. Viva a Gilette, o Veet e afins!).
Acabado o passeio de barco, vamos todos de volta para o ônibus para pegar o caminho da roça. Saímos de Amasra por volta das 19 horas. Previsão de viagem: 5 horas, com chegada em Izmit à meia-noite. Acontece que os ônibus de Izmit para Hereke só funcionam até meia-noite, então eu estava super preocupada de não ter como voltar para casa de madrugada. “Tomara que o ônibus vá bem rápido!”.
Que nada! Passou menos de uma hora de viagem, e de repente o ônibus quebrou. Não faço a mínima idéia do que aconteceu, só sei que ficamos parados por mais de uma hora, com direito a meninos empurrando o ônibus e polícia rodoviária sinalizando a estrada. No final das contas, já era mais de duas horas da manhã quando chegamos em Izmit.
Nada de ônibus, a minha família já estava dormindo... Foi o santo Ozzy que me salvou. Fomos eu e mais duas brasileiras dormir lá perto, na casa de um AIESECer que mora sozinho e estava viajando (Hakan). “Dormir” – das 2 da manhã até as 6h30 da manhã, hora em que acordei para pegar o primeiro ônibus do dia para Hereke, as 07h da manhã de segunda-feira. Exaustão é apelido!!!
Cheguei na minha casa as 08h, tirei um merecido cochilo, tomei um banho, arrumei as minhas malas e... Time to say goodbye.
Minha mãe e minha irmã turca me deram presentinhos, muito fofas. Daí a minha mãe e a avó ficaram em casa, e meu pai e minha irmã me levaram de carro até o centro. Ah, quando fui me despedir da minha mãe, aquela cena clássica: as duas com lágrimas nos olhos, e ela como sempre falando comigo em turco, e a Bilge do lado traduzindo. Já estou com saudades!
A Bilge e o meu pai me levaram até o escritório da AIESEC – mais uma despedida, mais triste ainda. Encontrei a Fê na AIESEC, onde os meninos do Comitê Organizador (KGB, eheheh) estavam nos esperando. Todos foram com a gente até a estação de ônibus, carregando nossos mochilões de 20 kgs durante todo o trajeto (essa gentileza dos homens turcos vai fazer falta).
Mais um momento “despedida” super triste – esperando o ônibus, batendo fotos, todo mundo abraçado... É muito triste pensar que possivelmente eu nunca mais na minha vida vou encontrar essas pessoas. A imagem do pessoal do lado de fora do ônibus acenando com cara de choro é daquelas que vai ficar na memória por muito tempo. Já estou com saudades (2)!
Pegamos o ônibus para Istambul, e de Istambul pegamos o tour para a Capadócia. Mais detalhes sobre essa viagem no próximo post!
Beijos e abraços amorosos e saudosos!
Si